PF prende mulher em Frutal acusada de aliciamento

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira cinco pessoas envolvidas com o tráfico de mulheres e meninas para prostituição. Os manda...

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira cinco pessoas envolvidas com o tráfico de mulheres e meninas para prostituição. Os mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal de Araguaína, no Tocantins, foram cumpridos em Frutal e Uberlândia, cidades de Minas Gerais; em Aparecida do Taboado e Paranaíba, no Mato Grosso do Sul; e em Araguaína, a 376 km de Palmas. A quadrilha aliciava mulheres e meninas no Tocantins, Pará, Maranhão, Ceará, Bahia, São Paulo e as levava para bordéis em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Imagem ilustrativa - matéria O Globo

A principal articuladora do grupo criminoso é a dona das casas de prostituição, e seu filho é o encarregado de falsificar os documentos e auxiliar a mãe na administração dos bordéis e de suas "gerentes". A quadrilha aliciava adolescentes em portas de escolas, praças, lanchonetes e mulheres em bares e boates.
Todas as vítimas dos aliciadores têm em comum o fato de serem muito pobres, morarem em locais miseráveis, sem perspectivas de ascensão social ou profissional. Para algumas mulheres, os criminosos ofereciam empregos e para outras falavam da prostituição abertamente. Para as menores, geralmente enganadas, falsificavam documentos com o objetivo de despistar as autoridades durante a viagem e não levantar suspeitas dos freqüentadores nos bordéis.

As propostas sempre envolviam ganho fácil. Como atrativo, já davam passagens, alimentação e dinheiro até Minas ou Mato Grosso do Sul. Os aliciadores ganhavam um percentual por cada garota que conseguiam carregar para o bando. Ao chegar nos locais de "trabalho", a quadrilha fazia dívidas de alto valor em nome das garotas, mantinham vigilância sobre elas (cárcere disfarçado) e proporcionavam agressões morais e até mesmo físicas para mantê-las nas casas de tolerância.
Um vítima relatou que ao sofrer aborto, apanhou da "gerente" e foi expulsa da casa onde se prostituía. Outra maneira de segurá-las é o rodízio que fazem das garotas entres as casas de prostituição de Frutal, Aparecida do Taboado e Parnaíba. Isso também serve para oferecer aos freqüentadores daqueles locais garotas sempre diferentes.
Por causa da rotatividade, estima-se que a cada semana a quadrilha aliciava uma nova garota para fins de exploração sexual, uma média de quatro por mês, quase 50 por ano. Calcula-se que desde o início do ano passado mais de 80 garotas foram exploradas. As que vão ficando velhas, ou entram para o esquema, e passam também a aliciar, ou são expulsas, entregues à própria sorte, longe de casa, sem quaisquer condições de voltar. Outras, que voltam, são as que "dão muito trabalho" e ameaçam denunciar a quadrilha, então eles pagam a passagem de retorno e as mandam ir embora.

A PF suspeita que a organização criminosa possa estar envolvida no assassinato de um de seus integrantes. Ele deu informações sobre o paradeiro de uma das vítimas aliciadas para a mãe dela. Além disso, forneceu informações para agentes da PF sobre a maneira de atuação da quadrilha e sobre o esquema de falsificação de documentos. Depois disso o cadáver dele foi encontrado às margens do Lago Azul, em Araguaína, alvejado por tiros de arma de fogo.

O grande trabalho da PF, além de prender a quadrilha, é proporcionar o retorno dessas adolescentes e mulheres a seus lares. Isso está sendo feito para se cumprir à convenção da ONU, contra o crime organizado transnacional e, mais precisamente, colocar em prática os mandamentos e intenções do Protocolo de Palermo, do qual o Brasil faz parte, que previne o tráfico de pessoas, seja para fins de exploração laboral ou sexual, dentro ou fora do País.

Às maiores de idade será oferecida a possibilidade de retorno a seus lares. As menores terão sua situação avaliada pelo Juizado da infância e Juventude, Conselho Tutelar e demais autoridades competentes dos locais onde se encontram as casas de prostituição.

O nome da Operação é uma referência à Deusa Grega "Palas Atena", ou "Ateneia". Segundo a mitologia grega, Ateneia nasceu já adulta, na ocasião em que Zeus teve uma forte dor de cabeça e mandou que Hefaistos, o deus ferreiro, lhe desse uma machadada na fronte. Nome escolhido em função do fato de que as vítimas, aliciadas para a exploração sexual, mediante fraudes e abuso de sua situação de vulnerabilidade, são adolescentes, o que faz com que as mesmas se tornem "adultas" de uma forma abrupta, de maneira similar ao nascimento da deusa grega, conforme a mitologia.


Publicado em: 15/04/2010

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